Roberto Marinho e sua esposa


Roberto Pisani Marinho (Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1904 — 6 de agosto de 2003) foi um jornalista e empresário brasileiro. Herdeiro de Irineu Marinho, foi proprietário do Grupo Globo de 1925 a 2003, foi um dos homens mais poderosos e influentes do país no século XX. Seu empreendedorismo levou à constituição de um dos maiores impérios de comunicação do planeta e o fez figurar diversas vezes entre os homens mais ricos do mundo.  Com sua família atrelada ao jornalismo, herdou ainda jovem o jornal O Globo, fundado pelo pai Irineu Marinho, em 1925. Começou a formar o conglomerado de veículos de comunicação, mais tarde chamado Organizações Globo – atualmente Grupo Globo, desde 2014 – com a inauguração da Rádio Globo em 1944, e a primeira concessão pública de TV no Rio de Janeiro, a TV Globo, em 1957. 

Fã de esportes, praticou automobilismo, hipismo e caça submarina ao longo da vida. Também ligado às artes, foi um grande colecionador de obras, tendo patrocinado algumas exposições com seu grande acervo. Publicou seu único livro, "Uma Trajetória Liberal", em 1992, e em 1993, candidatou-se e foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. O magnata dedicou-se ainda a Fundação Roberto Marinho, organização de apoio a iniciativas educacionais criada por ele em 1977.

fundação da rede globo

Início da sua carreira jornalística e empresarial
Ver artigos principais: Grupo Globo e O Globo


Seu pai, um jornalista renomado do início do século XX, fundou, em 1911, o jornal "A Noite" e, em 1925, o jornal "O Globo". Aos 20 anos, Roberto Marinho começou carreira profissional como repórter e secretário particular de Irineu no O Globo. Porém, em 21 de agosto de 1925, pouco tempo depois do lançamento do jornal, Irineu Marinho morreu vítima de um ataque cardíaco.

Na época, Roberto Marinho, aos 21 anos, se achava pouco experiente para assumir a direção do jornal e deixou que o colaborador e experiente jornalista Euclydes de Matos ocupasse o cargo de diretor-redator-chefe, enquanto Roberto Marinho continuava seus aprendizados como copidesque e redator-chefe do jornal. 

Em 1931, com a morte de Eucycles de Mattos, Roberto Marinho, então com 26 anos, assumiu o cargo de diretor-redator-chefe do GLOBO. 


A expansão das Organizações Globo através das rádios


história da rádio globo


Ver artigo principal: Rádio Globo Rio de Janeiro
No Golpe de 1930, "O Globo" apoiou o governo de Getúlio Vargas e a Revolução Constitucionalista em 1932, sempre adotando uma posição política e editorial cautelosa, que fez do combate ao comunismo uma de suas marcas.  Embora seu jornal tenha feito restrições ao golpe que gerou o Estado Novo, Marinho manteve uma relação próxima com Getúlio Vargas, per­correndo os mais altos escalões do poder e utilizando seu jornal para defender as ações do governo ditatorial e se beneficiaram po­lítica e economicamente, além de ter participado do Conselho Na­cional de Imprensa, então ligado do Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão estatal responsável pela censura a jornais que funcionou entre 1940 e 1945. No início da Segunda Guerra Mundial, Marinho manifestava-se contrário à posição de neutralidade adotada pelo governo brasileiro e se mostrava alinhado com os aliados. Depois do Brasil se alinhar às forças aliadas, Marinho concedeu ampla cobertura à atuação da Força Expedicionária Brasileira, lançando ainda o tabloide "O Globo Expedicionário". 

Em 2 de dezembro de 1944 Marinho deu um passo na expansão do seu conglomerado de mídia ao comprar a Rádio Transmissora, da RCA Victor, e transformá-la na Rádio Globo do Rio de Janeiro, sua primeira emissora de radiodifusão. Com o final da guerra e a crise política do Estado Novo getulista, Marinho tomou posição a favor da redemocratização do Brasil e apoiou pessoalmente o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da União Democrática Nacional, nas eleições presidenciais de 1945, embora tenha mantido seu jornal numa posição de neutralidade durante a campanha presidencial,  uma vez que Roberto Marinho havia mantido boas relações com Vargas e com Eurico Gaspar Dutra. Apesar da derrota do seu candidato predileto, Marinho colocou seu jornal a serviço do Governo Dutra, apoiando suas ações no Palácio do Catete. 

Na eleição de 1950, Marinho apoiou novamente Eduardo Gomes, da UDN, mas Getúlio Vargas foi o vencedor do pleito. Inicialmente, as Organizações Globo adotaram um tom crítico moderado ao novo governo Vargas, mas passou a lhe fazer forte oposição a partir de 1953. O jornal "O Globo" fez campanha contra a criação da Petrobras  e a Rádio Globo tornou-se porta-voz de ferrenhos opositores ao presidente, entre os quais Carlos Lacerda, que quase que diariamente usava os microfones da emissora de Marinho para atacar o governo. O tom inflamado de Lacerda contra Vargas levou Roberto Marinho a se preocupar com as transmissões que estavam desagradando muito ao governo. Após o desfecho trágico do governo Vargas em 1954, Juscelino Kubitschek, eleito presidente de 1955, recebeu oposição moderada de Marinho, que acabou beneficiado com sua primeira concessão pública para um canal de TV, a TV Globo Rio de Janeiro. 

Na eleição seguinte em 1960, Roberto Marinho apoiou Jânio Quadros, que acabou vencedor, mas discordava da política externa independente janista e se decepcionou com a sua renúncia em pouco menos de sete meses de governo.  Inicialmente tolerante com o sucessor João Goulart, Marinho logo passou a conspirar para derrubar o novo presidente, colocando seus veículos à disposição da oposição e apoiando o movimento militar que culminou no Golpe Militar de 1964. 

A fundação da Rede Globo e a consolidação da hegemonia televisiva
Ver artigos principais: Rede Globo e Sistema Globo de Rádio
Foi durante o regime militar que Roberto Marinho deu um salto na expansão de seus negócios ao inaugurar, em abril de 1965, a TV Globo, canal 4, no Rio de Janeiro.  No ano seguinte, ele adquiriu uma nova concessão, o canal 5 de São Paulo, a TV Paulista, e que viria a ser a TV Globo São Paulo. Em 1968, ele conseguiu a concessão do canal 12 de Belo Horizonte e que viria a ser TV Globo Minas. Depois, Marinho conseguiu mais duas concessões em Brasília e Recife, dando início a Rede Globo de Televisão. Como na época não possuía o capital necessário para o novo empreendimento, Roberto Marinho se uniu ao grupo norte-americano Time-Life, para quem deu 49% de participação acordo com o grupo Time-Life representou uma injeção do equivalente hoje a US$ 25 milhões e mais assessoria técnica e comercial avançadas, que mais tarde seria transformada no chamado "Padrão Globo de Qualidade".  Embora o artigo 160 da Constituição brasileira de 1946 vetasse a participação acionária de estrangeiros em empresas de comunicação do país e um relatório de uma Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar o acordo concluiu que a Constituição fora de fato desrespeitada, tanto o procurador-geral da República, em 1967, quanto o presidente Costa e Silva, em 1968, avalizaram a operação como legal. Com o declínio das concorrentes Tupi e Excelsior e a colaboração com a ditadura militar, a Rede Globo ganhou rapidamente projeção nacional  Além da força da emissora de Televisão e de ter "O Globo" entre os jornais mais vendidos do Rio de Janeiro e a Rádio Globo líder de audiência carioca, Roberto Marinho diversificou suas atividades empresarias com fazendas de gado, centros comerciais e uma das maiores coleções de arte na América do Sul. 

O apoio de Marinho ao regime militar prosseguiu ao longo da década de 1970  Em 1972, o então presidente Emílio Garrastazu Médici chegou a afirmar: "Sinto-me feliz todas as noites quando assisto ao noticiário. Porque, no noticiário da TV Globo, o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz." Mesmo com o fim da censura prévia, em 1976, o noticiário continuou alinhado aos militares. 

Marinho foi criticado no documentário britânico Beyond Citizen Kane (Muito Além do Cidadão Kane) por seu poder e papel na fundação da Rede Globo e vínculos com a ditadura militar no período. A Rede Globo foi à Justiça para impedir a liberação e exibição do filme no Brasil, mas que se tornou viral na internet após a virada do século 21.  Em 2009, a Rede Record comprou o documentário e passou a divulgar trechos do mesmo na emissora. Em 2013, o Globo reconheceu, através de um texto publicado em seu site, que o apoio ao golpe de 1964 foi um erro. O texto acompanhou a publicação do projeto "Memória" que recuperou os 88 anos de história do Jornal O Globo. Nele, a instituição afirmou que o apoio à intervenção dos militares se deu pelo temor de um outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart com apoio dos sindicatos. 

A redemocratização do País e a consolidação de poder pessoal


Em 1982, a Rede Globo foi acusada de tentar impedir a vitória de Leonel Brizola para o governo do Rio de Janeiro, no episódio conhecido como Caso Proconsult.   Em 15 de março de 1994 o apresentador Cid Moreira teve que ler, no Jornal Nacional, um texto que Brizola havia ganhado na Justiça Brasileira como um direito de resposta. "Tudo na Globo é tendencioso e manipulado", teve de afirmar o locutor. 

Com o ocaso da ditadura militar e a derrota do movimento pelas Diretas-Já, Marinho passou a apoiar a candidatura moderada de Tancredo Neves contra Paulo Maluf, candidato do governo militar.  Marinho até agosto de 1992 apoiou Fernando Collor, quando a campanha pela sua destituição já havia sido encampada por grande parte da sociedade brasileira. 



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A transferência dos negócios para os filhos-sucessores
Durante a década de 1990, Roberto passou a cuidar pessoalmente de sua sucessão nas Organizações Globo, compartilhando com os filhos as responsabilidades na direção mesmo seguindo no comando do conglomerado.  Mas com a saúde já debilitada, em 1998 o magnata participava cada vez menos das atividades de suas empresas.


Vida pessoal
Filiação e estudos


a biografia de Roberto Marinho


Filho do jornalista Irineu Marinho Coelho de Barros e Francisca Pisani Barros, Roberto Pisani Marinho nasceu a 3 de dezembro de 1904 no bairro carioca de São Cristóvão,[6] e teve cinco irmãos: Heloísa, Ricardo, Hilda, Helena (que morreu com 1 ano de idade) e Rogério. 

Fez seus estudos primários em escolas públicas e depois estudou na Escola Profissional Sousa Aguiar e nos Colégios Anglo-Brasileiro, Paula Freitas e Aldridge, no qual concluiu o ensino secundário em 1922.